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O hífen é um dos sinais gráficos usados na
língua portuguesa que gera mais dúvidas, ao lado do acento grave (que indica a
ocorrência da crase). Seu uso é importante para definir um único sentido em um
conjunto de palavras que, lidas e interpretadas isoladamente teriam outro
significado. Durante uma conversa, não há diferença ao falar pé-de-moleque ou
pé de moleque, apesar de que sejam coisas distintas. O contexto ajuda bastante
nesta identificação de quando ou não usar o hífen.
A primeira regra básica é: para conjuntos
de palavras que possuam um sentido real e um sentido figurado, ou também que
representem apenas juntas um único significado, usa-se o hífen:
Ex 1:
ano-luz, médico-cirurgião, pé-de-moleque, cachorro-quente, porto-alegrense,
pé-de-galinha, primeiro-ministro, segunda-feira.
Observe que pé-de-moleque ou pé-de-galinha
são os nomes de um doce ou marcas faciais, respectivamente, mas, sem o hífen,
pé de moleque ou pé de galinha são os pés dos respectivos sujeitos. Apesar de
que escrever ‘cachorro quente’, tenha se tornado uma forma consagrada, o
correto é escrever cachorro-quente, pois, assim como os casos anteriores, o
hífen propicia uma unicidade de significado.
Em algumas palavras, o uso de hífen não
mais ocorre, pois consagrou-se a forma aglutinada, como:
Ex 2:
madressilva, girassol, paraquedas, paraquedista, etc.
Em nomes de frutas, verduras, legumes,
etc., quando estes possuem um nome composto, ou seja, novamente pensando na
ideia de ‘sentido único’:
Ex 3: banana-maçã,
batata-doce, couve-flor, formiga-branca, bem-me-quer, andorinha-grande,
bem-te-vi, quero-quero, andorinha-do-mar, gato-do-mato, etc.
Nos exemplos acima, ocorreram vários casos
em que o hífen ligava elementos que possuem sentido próprio. Também ocorrem
casos em que o hífen liga um elemento que muda o sentido do posterior, todavia não
possui significado próprio sozinho. Claro que estes elementos possuem uma
origem etimológica (uma ideia vinda da latim), e modificam o elemento seguinte
com base nesta ideia. São os prefixos ou falsos prefixos, quais sejam:
co, ex, soto, ob, proto,
grão, supra, ab, maxi, alfa, eletro, peri, hidro, multi, circum, tri, retro, octa,
gama, míni, sob, entre, pós, grã, auto, hiper, ínfero, bem, hexa, geo, sub, macro,
ante, paleo, mega, bio, contra, pluri, tri, beta, intra, anti, ad, meso, inter,
bi, hetero, tele, lacto, pseudo, aero, aquém, hepta, ultra, lipo, arqui, pan, extra,
sem, tera, nefro, alta, poli, foto, pré, homo, tetra, póstero, micro, sobre, penta,
além, neo, psico, di, eletro, sota, ântero, mono, giga, recém, infra, semi, mal,
neuro, super, pró.
Se os prefixos ou falsos prefixos
terminarem em vogal, e o segundo elemento possuir como letra inicial h ou a
mesma vogal, usa-se hífen obrigatoriamente. Esta mudança justificou a inclusão
de hífen em palavras como anti-inflamatório ou micro-ondas. Outros exemplos:
Ex 4: anti-higiênico,
sobre-humano, semi-internato, anti-imperialista, entre outros.
Uma exceção a esta regra á o prefixo co
que, segundo as atuais regras de escrita, aglutina-se com o segundo elemento,
como ocorre em coobrigação ou coordenar. No caso de que o segundo elemento
iniciar por r ou s, esta letra se duplica. Esta última regra facilita a
escrita, sendo advinda da última reforma ortográfica, pois em algumas palavras ocorria
a aglutinação (girassol, carrossel) e em outras não.
Ex 5:
antissemitismo,
antirreligioso, semirreta, ultrassom, etc.
Já se os prefixos ou falsos prefixos
terminam em consoante, há hífen se o segundo termo começar pela mesma
consoante, por h, r ou s:
Ex 6: super-resistente, sub-bibliotecário,
ad-rogar, super-homem, etc.
As exceções a esta regra são os prefixos
dês ou in, em ‘desumano’, ‘inumano’, etc., em que o segundo termo ‘perde’ seu h.
No caso de o segundo elemento começar
por vogal, m ou n, sendo o primeiro
circum ou pan, tem-se também a ocorrência de hífen.
Ex 7:
circum-navegação, circum-murado, pan-americano, pan-helênico.
Quando falamos de bem ou mal, o conceito
do que é bom e do que é ruim pode ser bastante restrito ou abrangente. O ‘mal’
está infiltrado em todas as partes, e o ‘bem’ parece ser condição restrita. Com
base nisso, parece ter sido formulada a seguinte regra: se o primeiro elemento
for bem, use hífen sempre, para demarcar a separação vocal. Se o segundo
elemento for mal, uma todas as partes:
Ex 8:
bem-amado, bem-aventurado, bem-estar, mal-estar, mal-humorado (exceções),
bem-me-quer, malmequer, bem-soante, malsoante, bem-mandado, malmandado,
bem-falante, malfalante, etc.
Por fim, as últimas regras do uso do hífen
são adaptações ao contexto. Desde o início deste post, o hífen foi destacado
como elemento de coesão entre palavras buscando um único significado. Mas
também ele pode ser usado na figura de linguagem gradação, em que se listam
palavras de significados semelhantes em uma linha de crescimento. Ou no famoso
lugar-comum de unir palavras-chaves chamando-as de binômio (...) – (...), etc.
Todos sabemos que o hífen tem função rotineira de separar sílabas de uma mesma
palavra em linhas diferentes. Quando ele separa palavras que usam hífen por regra,
acrescenta-se mais um na linha seguinte, indicando sua existência.
Ex 9:
... o trinômio justiça-Leis-judiciário ...
... ingá-
-mirim.
O uso do hífen, entendido o seu papel, não
é difícil. E caso, houver dúvida, é sempre bom consultar este conjunto de
regras. O mais importante sem dúvida, é lembrar que o hífen não some na
translineação, sendo duplicado; casos especiais para as consoantes h, r e s bem
como no caso de vogais e consoantes repetidas.
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