As equações
diferenciais de primeiro grau são aquelas da forma dy/dx =
F(x,y), que também podem ser descritas como Mdx + Ndy = 0, para M(x,y) e N(x,y).
Para a obtenção das soluções destas equações, é necessário que elas sejam
contínuas no intervalo considerado. Podem ser classificadas como separáveis,
exatas ou lineares.
Equações diferenciais
separáveis: As funções M e N precisam atender aos seguintes
requisitos: (1) ser funções de apenas uma variável; (2) conter produtos com
apenas uma variável ou (3) ser constantes. Para a resolução de equações
diferenciais separáveis, dispomos a equação na forma M(x)dx + N(y)dy = 0, ou
M(x)dx = -N(y)dy, integrando ambos os membros da equação diferencial, obtendo ∫M(x)dx = -∫N(y)dy + k, onde k
é uma constante.
1 – dy/dx
= 3x -1
(3x
– 1)dx –dy = 0
∫(3x – 1)dx –∫dy = k
3x²/2
- x – y = k
yG(x)
= 3x²/2 - x - k
Equações diferenciais
exatas: Nesta
modalidade de equação diferencial, a função que é solução geral é advinda de
uma função potencial U tal que M(x,y) = dU/dx e N(x,y) = dU/dy. Para buscar a
resolução por este método, devemos primeiramente verificar se a equação
diferencial é exata, pela relação de reciprocidade de Euler, verificando se
dM/dy = dN/dx.
2 – (x²
- y²)dx – 2xydy = 0
M(x,y)
= (x² - y²) e N(x,y) = -2xy.
dM/dy
= -2y, dN/dx = -2y; destarte esta diferencial é exata.
U(x,y)
= ∫Mdx
+ uma função g(y), para que U seja, em todos os problemas, sempre dependente de
x e y.
U(x,y)
= ∫(x²
- y²)dx + g(y)
U(x,y)
= x³/3 - xy² + g(y)
Sabemos
que, como se trata de uma diferencial exata, N(x,y) = dU/dy, logo:
dU(x,y)/dy
= -2xy + g’(y)dy = -2xy
g’(y)dy
= 0
∫g’(y)dy = g(y) =
k, sendo k uma constante.
Desta
forma, U(x,y) = x³/3 – xy² + k = A, sendo A uma constante obrigatória pelo fato
de que estamos tratando de uma EDO de 1ª
ordem e que nem sempre g(y) = k.
x³/3
– xy² = B, onde B = A - k.
A
solução geral indicaria duas funções yG (x), mas, nestes casos, com
base em condições iniciais, se pode definir se é a solução positiva ou negativa
que se procura.
Equações diferenciais exatas
por meio de Fator Integrante: Da mesma que no item anterior, a
função que é solução geral vem de uma função potencial U tal que M(x,y) = dU/dx
e N(x,y) = dU/dy. Porém, na verificação se a equação diferencial é exata, pela
relação de reciprocidade de Euler, verifica-se que dM/dy ¹ dN/dx. Então, há
um fator que é multiplicado a ambos os membros da equação diferencial não exata
e que permite a obtenção de uma solução geral por meio de uma função potencial,
seguindo da mesma forma que no item anterior. Este fator é chamado Fator
Integrante.
Não há apenas uma possibilidade de
obtenção de uma função fator integrante. O importante é que esta função dependa
apenas de uma variável. Duas das formas possíveis de cálculo desta função são:
→ F.I (x) = eP(x),
onde P(x) = ∫1/N
∙ (dM/dy – dN/dx) dx;
→ F.I (y) = eQ(y),
onde Q(y) = ∫-1/M
∙ (dM/dy – dN/dx) dy.
Vejamos um exemplo:
3 – y²dx + (xy + 1)dy = 0
M(x,y)
= y², N(x,y) = xy + 1
dM/dy
= 2y, dN/dx = y; logo a diferencial não é exata. Devemos, portanto, encontrar
um fator integrante que a torne exata. Ao fazer as contas para escolher qual
fórmula de fator integrante usar, percebemos que usaremos F.I.(y), pois esta é
a única forma de obter uma função de apenas uma variável.
Q(y)
= ∫-1/(y²)
∙ (2y - y) dy = ∫(-y/y²)dy
= ∫-dy/y
= -ln y = ln y-1
F.I.
(y) = e-ln y = 1/y.
Então,
multiplicamos ambos os membros da diferencial de primeira ordem e primeiro grau
pelo Fator Integrante:
ydx
+ (x + 1/y)dy = 0
m(x,y)
= y, n(x,y) = (x + 1/y)
dm/dy
= 1, dn/dx = 1, destarte a nova diferencial, que usaremos apenas para obter yG(x) é exata.
U(x,y)
= ∫ydx
+ g(y) = xy + g(y)
Sabemos
que dU/dy = n(x,y), portanto:
dU/dy
= x + g’(y)dy = x + 1/y
g’(y)dy
= 1/y → ∫g’(y)dy = ∫dy/y
g(y)
= ln y
U(x,y)
= xy + ln y = A, sendo A uma constante.
xy
+ ln y = A.
Equações diferenciais lineares:
Estas
equações diferenciais são da forma dy/dx + A(x)y = Q(x), onde A e Q são funções
de x ou podem ser constantes. Sendo A e Q constantes, temos uma equação
diferencial separável e podemos usar o método acima descrito. Caso contrário,
podemos buscar saber se a equação diferencial linear é uma diferencial exata.
Mas, ainda há uma terceira forma de resolução, com outro método para obtenção
de um Fator Integrante, porém, para resolvê-la, é obrigatória a disposição da
diferencial conforme o modelo acima apresentado, sem nenhuma constante ou sinal
negativo acompanhando dy/dx. Neste caso, o fator integrante será dado por F.I.
= e∫A(x)dx.
Vejamos um exemplo:
4 – dy/dx = x – 2 + y/x
dy/dx
– y/x = x - 2
A(x)
= -1/x
F.I.
(x) = e∫-dx/x
= e-ln x = eln (1/x) = 1/x
1/x
∙ dy/dx – y/x² = 1 – 2/x
Note
que d[1/x]/ dx = -1/x² e que d[y(x)]/ dx = dy/dx, o que lembra a resolução da derivada
do produto entre duas funções. Sendo assim, podemos escrever esta igualdade
como:
d[y/x]/dx
= 1 – 2/x
Integrando
ambos os membros,
∫{d[y/x]/dx} dx = ∫(1 – 2/x)dx + k
y/x
= x – 2 ln x + k
y
= x² - x ln x² + kx
Veja no próximo post desta série como
resolver equações diferenciais lineares de segunda ordem ou superiores.
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2 Comentários
Boa noite mestre com encontrar a equação diferencial de y'=yln (y)
ResponderExcluirNão é diferencial exata. Provavelmente terás de calcular fator integrante!
ResponderExcluirNão é permitido fazer novos comentários.