Inicialmente, vamos definir o que um
produto interno em um espaço vetorial. Produto Interno é uma função que a cada
par de vetores u e v de um espaço vetorial V - dito euclidiano se contiver ao menos um destes
produtos - (u, v) E V x V associa um número real denotado por u ∙ v em alguns casos,
ou < u, v > - conforme iremos adotar por convenção – é chamado de produto
interno sobre V se satisfaz:
i) < u, v > = < v, u >;
ii) < u, v + w > = < u, v > +
< u, w >;
iii) < αu,
v > = α< u, v >;
iv) < u, u > é maior ou igual a zero
e, se < u, u > = 0, u é o vetor nulo de V.
Todas estas condições devem ser
satisfeitas para todos os vetores u, v que pertençam a V e para todo α pertencente aos reais. Desta forma, como em todos os
conceitos de Álgebra, se uma condição não for satisfeita, as demais perdem seu
valor e o produto não é interno, sendo possível o uso de contraexemplo.
Alguns produtos internos usuais são:
1 –
V = IR2, u = (a, b) e v =
(x, y). < u, v > = ax + by. (este é o chamado produto escalar no IR2, um caso especial de
produto interno);
2 –
V = M2(IR), A e B matrizes de ordem 2, < A, B > = tr(Bt ∙ A). O
símbolo indica a função traço, que nada mais é que o produto entre os elementos
da diagonal principal de uma matriz quadrada;
3 –
V = Pn(IR), p e q
polinômios de grau n, < p, q > = integral de zero a um da multiplicação
entre p e q, em relação à variável dada.
É importante lembrar que o resultado de um
produto interno pode variar com o uso de um mesmo vetor em duas sentenças
distintas. O produto escalar no IR2
e no IR3
indica a métrica usual de vetores usada nas engenharias. O mesmo não ocorre com
os outros produtos internos, que representam os mesmos sistemas de medida e
valores em relação às definições que seguem. Por isso, é importante definir
qual produto interno será adotado. Também vale ressaltar que a ideia espacial
destes conceitos matemáticos será completamente desfeita quando tratarmos de
vetores do M2(IR), por exemplo.
Módulo
ou norma entre dois vetores: dado um vetor u, a norma deste vetor
é denotada por || u || e consiste na raiz quadrada do produto interno < u, u
>. É também definida como o comprimento do vetor, que varia de acordo com o
produto interno adotado.
Distância
entre dois vetores: é dada pela norma do vetor diferença
entre estes dois vetores. Dados u e v E (V, <, >), a distância é || (u –
v) ||.
Ângulo
entre vetores: Dados dois vetores u e v E (V, <, >) o ângulo θ
entre vetores é dado por θ
= arccos [< u, v >/( || u || ∙ || v ||)]
Partindo destes conceitos, já se podem
definir vetores ortogonais, bases ortogonais e ortonormais. Seja (V, <,
>) espaço euclidiano, u, v E V são ortogonais se o produto interno entre eles for igual à zero.
Adotando o produto escalar para u = (1, 0, 2) e v = (-1, 1, 1), vemos que estes
dois vetores são ortogonais em relação à esta métrica. Sendo todos os vetores
integrantes de uma base de um espaço
euclidiano ortogonais entre si, dois a dois temos uma base ortogonal. Além disso, se todos os vetores
constantes nesta base forem unitários, isto é, possuírem norma igual a 1, esta
base é chamada ortonormal.
Alguns exemplos de bases ortonormais são
as bases canônicas em relação aos produtos internos usuais. Há muitas outras
bases ortonormais além das canônicas em relação aos vários produtos internos, e
independente de qual produto interno seja usado, pode-se encontrar uma base
ortonormal de um espaço vetorial através do processo de ortogonalização de Gram-Schimidt.
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