Assim como nas funções que envolvem os espaços vetoriais dos números reais, também é válido falar em injetividade e sobrejetividade nas transformações lineares. Para falar nestas duas características em Aplicações lineares, é preciso introduzir o conceito de núcleo e imagem.
Núcleo é o conjunto de
todos os vetores em que T é aplicada e resulta no vetor nulo do espaço vetorial
contradomínio. Ou seja, dada T: U Þ V; o núcleo é o conjunto
N(T) = {u E U / T(u) = 0} Veja um exemplo:
1 – Descubra
o núcleo de T: R2 Þ R2
dada por T(x, y) = (2x, 3x).
De
acordo com a definição, N(T) = {(x,y) E R2/ T(x,y) = 0}.
N(T)
= {(x,y) E R2/
(2x,3x) = 0} = {(x,y) E R2/
x = 0} = {(0,y) E R2}.
A partir desta definição, se define a
injetividade nas aplicações lineares. Quando uma transformação linear qualquer
T é injetora, seu núcleo possui dimensão igual a zero, ou seja, T(u) = 0U
apenas se u = 0U.
Assim, N(T) = {0} quando T é injetora. No exemplo 1, T não é injetora pois dim
[N(t)] = 1. Veja mais um exemplo:
2 – Sendo
T: R3 Þ R3
dada por T(x, y, z) = (x - y, 2x + y, x + 5y) um operador linear. T é injetora?
Através
de nossa definição, analisaremos o núcleo de T.
N(T)
= {(x, y, z) E R3
/ T(x, y, z) = 0) = {(x, y, z) E R3
/ (x - y, 2x + y, x + 5y) = 0}
N(T)
= {(x, y, z) E R3
/ x – y = 0, 2x + y = 0, x + 5y = 0}
N(T)
= {(x, y, z) E R3
/ x = y , 3y = 0, x = -5y) = {(x, y, z) E R3 / x = y = 0}
N(T)
= {(0, 0, z) E R3}.
Como
dim [N(T)] = 1, T não é injetora. Note que quando uma das componentes de um vetor
não é usada pela aplicação linear, se torna variável livre no conjunto
N(T) e amplia a sua dimensão em uma unidade, impedindo que este possua dimensão
0 e indicando que T não é injetora.
Imagem é o conjunto de
todos os vetores resultantes da aplicação de T pertencentes ao espaço vetorial
contradomínio. Ou seja, dada T: U Þ V; a imagem é o conjunto
Im(T) = {v E V / T(u) = v} Veja um exemplo:
3 –
Sendo T: R3 Þ R3
dada por T(x, y, z) = (x + y, 2x, z + 5y) um operador linear. Que conjunto
representa a imagem de T?
Através
de nossa definição, formularemos Im(T).
Im(T)
= {(x, y, z) E R3
/ T(x, y, z) = (x + y, 2x, z + 5y)}. Chamando (x, y, z) de v, temos:
Im(T)
= {v E R3
/ T(v) = (x + y, 2x, z + 5y)}.
Análogo ao conceito usual de
sobrejetividade, uma transformação linear é sobrejetora se a imagem for
igual ao contradomínio. Explicitando esta afirmação em condições, sendo T: U Þ V uma aplicação
linear:
i) Im(T) é um subespaço vetorial de V;
ii) T é sobrejetora se, e somente se,
Im(T) = V, isto é, dim [Im(T)] = dim V.
Vejamos mais um exemplo:
4 –
Dada a transformação linear T: R3 Þ R3
dada por T(x, y, z) = (2x + y, x, y -z), sendo v = (x, y, z), esta é sobrejetora?
Descobrimos
a imagem de T:
Im(T)
= {v E R3
/ T(v) = (2x + y, x, y -z)}
Depois,
encontraremos um conjunto gerador para o subespaço Im(T).
Im(T)
= {v E R3
/ T(v) = (2x + y, x, y -z)} = {v E R3
/ T(v) = (2x, x, 0) + (y, 0, y) + (0, 0, -z)}
Im(T)
= {v E R3
/ T(v) = x(2, 1, 0) + y(1, 0, 1) + z(0, 0, -1)} = [(2, 1, 0), (1, 0 ,1), (0, 0,
-1)]
O
conjunto gerador de Im(T) é {(2, 1, 0), (1, 0,1), (0, 0, -1)}.
Após
escalonar os três vetores do conjunto gerador, pelo método prático mostrado no
post ‘Como saber se um conjunto é Linearmente Independente’, descobrimos
que estes três vetores são linearmente independentes. Assim, o conjunto B =
{(2, 1, 0), (1, 0,1), (0, 0, -1)} é base para Im(T) e, por conseguinte, dim
[Im(T)] = dim R3
= 3. Desta forma, T é sobrejetora, conforme queríamos verificar. □
8 Comentários
Parabéns pela explicação!
ResponderExcluirOlá, parabéns pelo conteúdo. Minha dúvida é que, se uma transformação é injetora, automaticamente será sobrejetora e, consequentemente, bijetora? Porque tem um teorema: dim[Im(T)]+dim[ker(T)]=dim(V).
ResponderExcluirEsse teorema só se aplica a transformações bijetoras?
Valeu 👍
Olá. 'Unknown'! Não se esqueça que estamos tratando de uma forma especial de função, porém tratando de vetores. Ser Injetora não significa ser bijetora e, consequentemente sobrejetora. É preciso ter cuidado com estas implicações!
ResponderExcluirOlá Mestre, eu tenho uma dúvida: Se eu tenho uma função do F:R³->R dada por F(x,y,z) = x+y-z, no caso, a dimensão da imagem seria 1 e como seria a base desse conjunto imagem? Seria um único vetor? Por exemplo (1,1,-1). Obrigado pela atenção e parabéns pelo conteúdo.
ResponderExcluirOlá, obrigado por sua visita, @deividwesley_2010! A base não pode ser apenas um único vetor, pois sempre podemos realizar a decomposição com a base canônica.
ResponderExcluirObrigado, @Jessé Rodrigues!
ResponderExcluirSe tratando de vetores e de uma transformação linear de T : U - V; R3 - R2;
ResponderExcluirNós sabemos que está só será sobrejetora se a dim[Im(T)] = dim[V] certo? Logo, a dimensão da imagem teria que ser 0 para ser sobrejetora. No entanto, ao se tratar do teorema do núcleo e da imagem sabemos que dim[Im(T)] + dim[Nu(T)] = dim[U] já que a imagem e o núcleo são subespaço vetoriais do contra domínio, logo, caso o núcleo fosse 0 o que determina que a TL seria injetora, este teorema não iria prosseguir, contanto caso o núcleo não fosse 0 o teorema iria prosseguir e obteríamos a igualdade. Sendo assim, podemos afirma que é uma forma determinante da consideração objetiva ou sobrejetiva?
Olá. No momento não pude entender claramente sua pergunta. Pode ser necessário buscar ajuda com monitor ou professor universitário na área. Desculpe não poder ajudar.
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