Eufemismo é uma figura de linguagem em que
termos de má aceitação ou pejorativos são substituídos por outros mais amenos e
respeitosos. Na atualidade, várias expressões antes usadas foram abolidas ou tiveram
seu uso drasticamente reduzido. Em alguns casos, a mudança foi benéfica e, em
outros, desnecessária.
Pessoas portadoras de Síndrome de Down já
foram chamadas Mongoloides devido à ‘semelhança’ com os povos da Mongólia;
Caipira já foi sinônimo de sujeito sem modos e instrução, o que hoje apenas
designa os moradores da zona rural e um estilo musical característico.
Indivíduos com Necessidades especiais muito foram denominados Retardados por
sua capacidade intelectual possuir limitações. Porcos (e seus cortes) e
elefantes foram e ainda são apelidos para sujeitos que estão acima do peso
(massa, pela Física) ideal. Catadores de lixo não mais existem, agora há os
Trabalhadores no Setor da Reciclagem. Neste aspecto, o Neoeufemismo veio trazer
novas formas de referir aos outros que possuem algum tipo de situação
diferenciada, trazendo à tona o bom e velho respeito, o qual sempre deve
predominar. Nossa sociedade busca cada vez mais a inclusão de todos na
plenitude de seus direitos, incluindo agora a mudança no tratamento sem deixar
a comunicação de lado. Este caminho é longo e não foi plenamente alcançado.
Desde crianças, ao adotar estas novas expressões, busca-se eliminar alguns
problemas crescentes e que iniciam nos primeiros anos escolares e só se
atenuam, como o Bullying. Logo mais, um exemplo de como isto está sendo feito.
Entretanto, em alguns casos, fez exagero
do uso do Eufemismo. Alguns escritores e jornalistas não utilizam mais o termo
negro e sim afrodescendente. Ao contrário do que se busca, atenua-se a marca da
origem e se deixa de lado a ética do Vocabulário, buscando a prática da
Inclusão. O povo negro, assim chamado pela pigmentação de sua pele, ao nascer
no Brasil, é brasileiro, e isto é que deve ser posto em destaque, pois a nossa
nação acolheu estes cidadãos e os viu e vê crescer. Caso semelhante ocorre com
os Garis e Empregadas Domésticas, que já são chamados de Trabalhadores da
Limpeza Urbana ou da Limpeza Doméstica, substituições desnecessárias, pois
estes termos não são pejorativos.
Na Música, não devemos ‘levar a letra ao
pé-da-letra’ e isto deveria ser ensinado para as crianças. As artes musicais
são feitas para divertir, ensinar ou entreter e, assim como a Literatura, possuem
sentidos figurados ou situações hipotéticas, que podem não se refletir na
realidade. Veja este exemplo:
Atirei o pau no gato
Atirei o pau no gato to
Mas o gato to
Não morreu reu reu
Dona Chica ca
Admirou-se se
Do berro
Do berro
Que o gato deu
Miauuuuuuuu!
No segundo DVD da série ‘A Galinha
Pintadinha’, que tem feito muito sucesso entre as crianças, usando músicas
novas e de domínio público, mais uma estrofe foi anexada:
"Não atire o pau no gato to
Porque isso so
Não se faz faz faz
O gatinho nho
É nosso amigo go
Não devemos maltratar os animais
Jamais! "
Trazendo o Eufemismo antes citado, a
última estrofe demonstra a preocupação ética dos novos tempos, trazendo o
impasse da necessidade. Pode-se truncar inutilidades neste novo vocabulário,
como o termo Afrodescendente, pois um adulto, ao contrário de uma criança, não
necessita de acréscimos de texto para sua formação ética. Crianças também,
consideradas as suas faixas etárias, não devem ter suas formações culturais
suprimidas pelo radicalismo, dando-se a ênfase adequada dos valores que se
deseja ensinar, pois não propicia a formação ética desejável alheando a Criança
da realidade que se deseja evitar, e sim a comparando e mostrando o caminho
correto, como feito nas duas estrofes da música infantil usada como exemplo. No
uso desta nova linguagem, antes de mais nada, o bom senso deve ser resgatado,
não só no vocabulário, mas no modo de agir, para que possamos trazer à tona a
Sociedade Justa e Igualitária que queremos ter.
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