O termo Política não vem a toa,
pois um governo democrático que propiciasse o crescimento da nação como um todo
não foi o que ocorreu. Após a vinda da família Real ao Brasil e a elevação de
nosso país a Reino Unido a Portugal e Algarves fez com que um retrocesso à
Colônia fosse inadmissível. Vários movimentos rebeldes insurgiram contra a
coroa portuguesa, entre eles a Inconfidência Mineira de Tiradentes e seu grupo.
[Pedro Américo (1888) –
Portal da Independência do Brasil]
A família real foi obrigada a retornar em
1820, após a revolução liberal do Porto. Antes de partir, Dom João VI nomeara
seu filho Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula
Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e
Bourbon (ufa!) como regente que ficaria como governante interino do Brasil,
além de limpar todo o dinheiro dos cofres do Banco do Brasil. Posteriormente
seus poderes foram dissolvidos, em uma clara manifestação da vontade lusitana
de restabelecer a antiga condição colonial de nosso país.
Uma data famosa nos acontecimentos que
viriam a culminar na Independência foi o Dia do Fico: 9 de janeiro de 1822.
Neste dia, “Se é para o bem de todos e a felicidade geral da Nação, diga ao
povo que fico.” fora proclamada pelo futuro Pedro I, após receber uma petição
com milhares de assinaturas solicitando sua permanência. A partir deste momento,
os fatos seguintes e as decisões tomadas por Pedro caminharam para o fim da Independência,
como a exigência de sua aprovação para as ações de governo (um Pré-mandato),
a conclamação dos simpatizantes à Monarquia para apoiá-lo, expulsão de tropas
portuguesas ainda presentes em solo brasileiro, convocação de uma Assembleia
Constituinte, entre outras medidas. Entre os ministros de Estado, vários
portugueses pediram demissão de seus cargos. José Bonifácio de Andrada e Silva foi
nomeado ministro do Reino e Negócios Estrangeiros, e os demais ministérios
ganharam novos dirigentes.
São Paulo e Minas Gerais foram alvo de
viagens do postulante imperador para que fossem acalmados os ânimos nestes
estados, de onde poderia surgir uma desestabilização social. Na volta, recebera
uma nova carta da coroa portuguesa exigindo o seu retorno. Alguns historiadores
afirmam que, apesar destas atitudes, já era esperado por Dom João que, já que a
proclamação da Independência era iminente, que fosse feita por seu filho, pelo
menos. Quando recebera esta carta, em 7 de setembro, viajando de Santos para
São Paulo próximo ao riacho do Ipiranga (famoso por nosso Hino Nacional),
gritara ‘Independência ou morte’ com sua espada apontada aos céus. Dom Pedro I
foi proclamado Imperador em dezembro de 1822. Minutos antes também recebera de
Andrada e Silva uma carta com oito mil assinaturas de paulistas que pediram a
ele para que rompesse definitivamente com Portugal.
Estados Unidos da América e México
reconheceram inicialmente a Nação Brasileira. Portugal somente aceitou a
Independência mediante o pagamento de dois milhões de libras esterlinas,
montante obtido mediante empréstimo com a Inglaterra. O entrave econômico
colonial imposto aos latifundiários brasileiros do século XIX foi importante
motivação para que a categoria apoiasse o movimento. Dessa forma, não cabia a
Pedro I contrariar os interesses de seus aliados ao romper estruturas sociais
como a escravidão negra e a situação de pobreza dos demais trabalhadores, enfim,
procurar romper com a desigualdade social que prevaleceria em nosso país.
Ao contrário dos demais países latino-americanos,
houve uma vantagem: vidas foram poupadas. O movimento de independência foi ‘pacífico’
se comparado aos demais. A fragmentação territorial que ocorreu na América
Espanhola também foi evitada, pois houve diferentes movimentos de cunho regional
buscando o fim do regime colonial que não obtiveram sucesso anteriormente.
As correntes que apoiavam Pedro I durante
o processo de independência foram duas: Conservadores e radicais. Os primeiros
buscavam apenas a independência política, conforme ocorrera. Os demais
desejavam modificar simultaneamente as situações política e social, abalando
estruturas consolidadas como a escravidão negra e a agricultura latifundiária.
O mais expressivo conservador foi José Bonifácio de Andrada e Silva. Gonçalves
Ledo, Januário da Cunha Barbosa e Cipriano Barata foram notáveis pertencentes
aos radicais, que tinham no rol de partidários: intelectuais, padres, jornalistas,
funcionários públicos, militares e advogados; chegando a fundar um partido
político, o Partido Brasileiro.
O fluminense Evaristo Ferreira da Veiga e
Barros (1799-1837), que era livreiro, jornalista, político e poeta criou um
hino que demonstrava a sua simpatia pelo movimento de independência. Inicialmente
chamado de ‘Hino Constitucional Brasiliense’, caiu no gosto do Imperador, que
compôs a melodia e, durante anos, recebeu os créditos pela letra:
Hino à Independência
Já podeis, da Pátria
filhos,
Ver contente a mãe
gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do
Brasil.
Brava gente
brasileira!
Longe vá... temor
servil:
Ou ficar a pátria
livre
Ou morrer pelo
Brasil.
Os grilhões que nos
forjava
Da perfídia astuto
ardil...
Houve mão mais
poderosa:
Zombou deles o
Brasil.
Não temais ímpias
falanges,
Que apresentam face
hostil;
Vossos peitos,
vossos braços
São muralhas do
Brasil.
Parabéns, ó
brasileiro,
Já, com garbo
juvenil,
Do universo entre as
nações
Resplandece a do
Brasil.
Com a abdicação de Dom Pedro I e os
acontecimentos subsequentes, este hino caiu no esquecimento, sendo relembrado
no centenário da Independência em 1922, e nos currículos escolares da educação
básica juntamente com outros hinos nacionais como o Hino à Bandeira.
Quanto à Independência política, em dois
anos de Império era outorgada a constituição e seguiu-se a estrutura social. A
dívida contraída junto à Inglaterra foi paga por toda a sociedade (populares, pequena
e média burguesia, profissionais liberais, até grandes fazendeiros), após um expressivo
aumento de impostos, quesito em que até hoje o nosso país é um dos campeões mundiais
e que emperra muito o desenvolvimento de todos os setores da economia. A
abolição da escravatura só viria com a derrocada do regime imperial de Dom
Pedro II, mas outras mudanças significativas demorariam mais tempo para ocorrer.
□
0 Comentários
Seu comentário será publicado em breve e sua dúvida ou sugestão vista pelo Mestre Blogueiro. Caso queira comentar usando o Facebook, basta usar a caixa logo abaixo desta. Não aceitamos comentários com links. Muito obrigado!
NÃO ESQUEÇA DE SEGUIR O BLOG DO MESTRE NAS REDES SOCIAIS (PELO MENU ≡ OU PELA BARRA LATERAL - OU INFERIOR NO MOBILE) E ACOMPANHE AS NOVIDADES!