A fundação de colônias após as grandes
navegações foi um fator decisivo para a formação de grandes fortunas pelos
países colonizadores. Um fato indiscutível é que muitos deles continuam
fortalecidos economicamente até hoje, pois tiveram recursos suficientes para
financiar seus processos de industrialização. Outras teorias como superioridade
intelectual ou a criação de um espaço que atendesse às necessidades de uma
nação foram apenas formas de justificar os procedimentos coloniais.
Sobre este assunto, em 1891, P.
Leroy-Beaulieu, professor do colégio Collège de France, já dizia:
“ [...] a fundação de colônias é o melhor negócio no qual se possa
aplicar os capitais de um velho e rico país, disse o filósofo Inglês John
Stuart Mill. [...] A colonização é a força expansiva de um povo, é seu poder de
reprodução, [...] é a submissão do universo ou e uma vasta parte [...] a um
povo que lança os alicerces de sua grandeza no futuro, e de sua supremacia no futuro.
[...] Não é natural, nem justo, que os países civilizados ocidentais se
amontoem indefinidamente e se asfixiem nos espaços restritos que foram suas
primeiras moradas, que neles acumulem as maravilhas das ciências, das artes, da
civilização, que eles vejam, por falta de aplicações remuneradoras, os ganhos
dos capitais em seus países, e que deixem talvez a metade do mundo a pequenos
grupos de homens ignorantes, impotentes, verdadeiras crianças débeis, dispersas
em superfícies incomensuráveis.”
(In: BEAU, Michel. História do
capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1987, pp. 231-232, adaptado.)
Esta superioridade existia? Podemos
considerar que os povos colonizadores estivessem mais avançados em termos
científicos e tecnológicos, mas não eram povos superiores por natureza, ‘civilizados’,
com o dom divino de governar os demais. Ou seja, para cada momento histórico,
se faz importante justificar determinadas atitudes, no caso, o poder-dever dos
colonizadores em manter suas posses. As trocas comerciais, amplamente
desfavoráveis às colônias, as faziam sempre ser muito dependentes de suas
metrópoles, conforme a conveniência deste negócio. A linguagem do dinheiro se sobrepunha;
reflexo disso é que o subdesenvolvimento
é característica marcante de países que tiveram passado colonial. Podemos considerar
estas sociedades ‘civilizadas’, conforme menciona Leroy? □
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