No
post anterior sobre vetores, vimos como calcular a área de um paralelogramo
sabendo conceitos de produtos escalar e vetorial. De maneira análoga, podemos
calcular o volume de um paralelepípedo (não necessariamente reto) formado por
três vetores no R3 (espaço dos vetores reais com três componentes).
Inicialmente,
iremos definir o conceito de produto misto. Conforme a ideia intuitiva que o
nome infere, há produto escalar e produto vetorial em uma mesma operação.
Assim, o produto misto de três vetores u, v, e w é da forma wT(u
x v). Primeiro realizamos o produto vetorial de u e v e, em seguida, o produto
escalar / interno entre o vetor w transposto e o vetor (u x v), o que resultará
em um valor numérico: o produto misto não gera um novo vetor!
Veja
a ilustração abaixo:
O
vetor verde representa o produto vetorial (u x v), o vetor roxo representa o
vetor v, o vetor azul representa o vetor w e o vetor laranja representa o vetor
u.
Um
paralelepípedo qualquer possui volume dado pelo produto da área da base vezes a
sua altura. A área da base, como já vimos no post anterior, é dada por ll u x v
ll. Já a altura precisará ser encontrada usando álgebra vetorial.
A
altura equivale à w cos θ, que é,
coincidentemente, o mesmo ângulo formado entre os vetores (u x v) e w. Dessa
forma:
h
= ll w ll cos θ. [1]
cos θ = (u x v)Tw / (ll u x v ll ll w ll) [2]
Substituindo [2] em [1]:
h = ll w ll [(u x v)Tw / (ll u x v ll ll w ll)] = (u x v)Tw / ll u x v ll.
Agora,
substituiremos os valores de área da base e altura:
V = Abh = ll u x v ll [(u x v)Tw / ll u x v ll] = (u x v)Tw ou wT(u x v).
Disso
concluímos que: o volume de um paralelepípedo é igual ao produto misto entre
os três vetores que o formam, em ordem bem definida. Quando o produto misto
entre três vetores é igual à zero, inexistindo volume, estes três são
coplanares, isto é, pertencem a um mesmo plano.
Se
quisermos saber o volume da pirâmide descrita pelos três vetores (dois na base paralelogrâmica e uma na aresta lateral), basta seguir
o princípio de Cavalieri e dividir o resultado do volume do paralelepípedo
formado pelos três vetores quaisquer u, v e w por três. □
A
projeção ortogonal de um vetor em outro pode ser ilustrada na seguinte
situação:
A
projeção ortogonal do vetor x (em roxo) em y (em laranja) é p (vetor em
amarelo). Os vetores x e y formam um ângulo θ
desconhecido. h pode ser considerado o vetor diferença entre x e p.
h
= x - p
Como
p e y são colineares, podemos dizer que p é múltiplo escalar de y, e pode ser
escrito na forma:
p
= αy
Assim,
calcularemos α primeiro e, em seguida, encontraremos o valor de p.
Da
definição do produto escalar / interno, encontramos: yT(x – p) = 0
yT(x – p) = yT(x
– αy) = 0
Pela
propriedade distributiva do produto escalar:
yTx – αyTy = 0
Isolando α:
α = xTy
/ ll y ll2
E substituindo-o:
p = (xTy)y
/ ll y ll2 □
Do conceito de vetor de
projeção ortogonal, extraímos o conceito de matriz de projeção.
O vetor p pode ser
escrito como o produto entre uma matriz P e o vetor x (p = Px). Como sabemos
que os vetores comutam no produto interno,
p = (xTy)y
/ ll y ll2
= (yyT)x
/ ll y ll2
Como p = Px, então P = yyT
/ ll y ll2
□
O
Blog do Mestre recomenda a seguinte leitura sobre o assunto:
SANTOS, Reginaldo J. Matrizes
Vetores e Geometria Analítica / Reginaldo J. Santos –
Belo
Horizonte: Imprensa Universitária da UFMG, 2007.
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